quarta-feira, 13 de junho de 2012

Festa Junina - Uma tradição nacional

FESTA DO INTERIOR
Principal festa popular depois do carnaval, as festas juninas guardam resquícios de tradições ancestrais e é um retrato da diversidade cultural brasileira.

Quando chega o mês de junho, todos já sabem: São João vem aí. É hora de preparar os chapéus de palha e as bandeirolas, convidar compadres e comadres para dançar quadrilha, acender a fogueira, soltar rojão e se esbaldar de tanto comer pipoca, cocada e pé-de-moleque.

As festas juninas são as principais festas populares brasileiras depois do carnaval. São nossas típicas festas do interior. Graças às escolas de todo o país, essa tradição tem se mantido, fazendo com que nessa época do ano o Brasil rural contagie a nação e as crianças coloquem o “pé na roça”.

No mês de junho, o país se converte em um enorme arraial. Misto de quermesse e matrimônio, as festas juninas são paródias desses dois pontos altos do calendário de toda cidadezinha que se preze. De uma só vez, a cultura popular recria, à sua maneira, o casamento e a festa da padroeira. Nessas ocasiões, o caipira veste seu melhor paletó e a botina de passeio - aquela que aperta o dedão, acostumado ao chinelo. É dia de música, dança e mesa farta, tudo de que se precisa para que a festa não acabe antes do amanhecer.

Ainda que as festas juninas tenham ajudado a criar uma imagem estereotipada do homem do campo, questionada por muitos - um sujeito que fala errado, com dentes sujos, chapéu desfiado e calça na altura das canelas e cheia de remendos -, uma coisa é certa: elas preservaram de alguma forma todo o simbolismo dos folguedos anteriores à Era Cristã.
Tradição ancestral
As festas juninas são as guardiãs da tradição secular de dançar ao redor do fogo. Originalmente, o ponto alto dos festejos ao ar livre era o solstício de verão, em 22 de junho (ou 23), o dia mais longo do ano no Hemisfério Norte. As tribos pagãs também comemoravam dois eventos marcantes nessa época: a chegada do verão e os preparativos para a colheita. Nos cultos, celebrava-se a fertilidade da terra. Ao pé da fogueira, faziam-se oferendas, pedindo aos deuses para espantar os maus espíritos e trazer prosperidade à aldeia.

Atualmente, a celebração da fertilidade é representada pelo casório e pelo banquete que o segue e as oferendas deram lugar às simpatias, adivinhações e pedidos de graças que se fazem ao santos. O próprio balão leva as promessas a São João para se conseguir saúde ou dinheiro para quem ficou em terra. Porém, o santo mais requisitado é mesmo Santo Antônio de Pádua, que ganhou fama de casamenteiro, segundo reza a lenda, ao levar três irmãs solteiras ao altar. Uma das adivinhações consiste em cravar uma faca nova no tronco de uma bananeira. Com um pouco de imaginação, podem-se ver na lâmina os contornos da inicial do nome do futuro marido, desenhados pela seiva da árvore.
Caldeirão de culturas
As festas juninas são também um retrato das contribuições culturais de cada povo à cultura brasileira. Para fazer uma festa junina, deve-se cumprir à risca a seguinte receita:

Comemore as festas juninas conforme os moldes portugueses, isto é, celebre-as em três devotas prestações: 13 de junho, Santo Antônio; 24 de junho, São Pedro, primeiro papa - a "pedra" em que se fundou a Igreja Católica; e, por fim, 29 de junho, São João Batista, primo de Jesus responsável por seu batismo. Desde o século XIII, a festa de São João portuguesa, chamada "Joana", incluiu os dois outros santos.

Adicione uma colher de chá de tradição francesa. As quadrilhas são inspiradas em bailes rurais da França do século XVIII, em cujas coreografias os casais se cumprimentavam e trocavam de pares. Essas danças desembarcaram com a família real portuguesa em 1808. Até hoje, em alguns lugares, as evoluções são orientadas por palavras francesas aportuguesadas: promenade (passeio), changê (trocar), anavam (em frente), anarriê (para trás).

Para dar sabor, o toque final: culinária tipicamente indígena, com comidas feitas à base de milho - espigas cozidas, pamonha, canjica e bolo de fubá -, mandioca e coco.
Brincando com fogo
“... Ninguém matava, ninguém morria
Nas trincheiras da alegria
O que explodia era o amor."

A festa junina é assim mesmo como Moraes Moreira a descreve. Tudo acaba bem. O noivo fujão é puxado pelo colarinho e aceita sua noiva como legítima esposa. Dito o "sim", com a bênção do padre, o pai da noiva coloca de volta o revólver no cinturão.

Mas para quem resolve brincar com fogo nem sempre o final é feliz. Saltar fogueiras, driblar busca-pés e soltar balões já estragou a folia de muita gente. A destruição pode ser maior se o balão atingir a mata e provocar incêndios, especialmente em anos de prolongada estiagem como este.

Quando Isabel acendeu a fogueira e hasteou uma bandeirinha para anunciar o nascimento de seu filho, São João, a fogueira era sinal de bom presságio. Hoje, os guardas florestais se inquietam: onde há fogueira, há balões. Por isso, desde 1965, soltar balões é crime previsto pelo Código Florestal. Quem trocar os balões por inofensivas bombinhas e traques merece aquela prenda que está lá no alto do pau-de-sebo
Comemorar o mês de junho é um hábito antigo em várias partes do mundo. Nos países católicos da Europa, as festas juninas são uma tradição desde o século 4º. O primeiro nome que receberam, "joaninas", foi em homenagem a São João e acabou sendo modificado ao longo dos anos. "Os Santos Antônio e Pedro também são festejados em junho, mas São João sempre teve mais devotos no continente europeu. Por isso, a festa recebeu o nome dele", diz Maria do Rosário Tavares de Lima, vice-presidente da Associação Brasileira de Folclore.
O costume chegou ao Brasil junto com os colonizadores portugueses e acabou recebendo influências culturais de cada região. São vários os modos de comemorar as festas juninas de norte a sul.

Nordeste: No embalo do forró, as festas juninas são destaque em Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco. Nessas cidades, elas duram um mês. Em Campina Grande, as principais atrações ficam por conta dos shows (grátis), no Parque do Povo, e da brincadeira conhecida por "trem forroviário", em que os passageiros viajam dançando nos vagões ao ritmo do forró. Ele circula entre Campina Grande e o distrito de Galante nos dias 13, 20, 23 e 27 de junho e 4 de julho. O "trem do forró" também anima Caruaru. Ele parte da capital, Recife, com destino a Caruaru, nos dias 12, 13, 19, 20, 23, 26 e 27 de junho.

Sudeste: Além da comida típica (pipoca, pé-de-moleque e quentão, entre outros), nas festas juninas desta parte do país come-se cachorro-quente, pastel e até mesmo pizza. Na hora de brincar, todos participam das pescarias, dos concursos de quadrilha e do casamento na roça ao som de música sertaneja.

Centro-Oeste: Nessa região, a festa é influenciada por hábitos típicos dos países fronteiriços (em especial o Paraguai). Além da quadrilha e dos pratos típicos, as festas juninas acontecem ao som da polca paraguaia e toma-se a sopa paraguaia (que, na verdade, é uma espécie de bolo de queijo). O ritmo sertanejo dá o compasso da festa.
Sul: A tradição gaúcha ordena que se reúna a família ao redor da mesa de jantar. E que se passe a noite saboreando comidas típicas, como arroz-de-carreteiro, feijão-mexido e pinhão cozido na água ou assado na brasa.

Norte: A festa típica é ofuscada pelo festival folclórico de Parintins, que ocorre no final de junho no Amazonas. Em lugar da quadrilha, ouve-se a toada do boi-bumbá. São servidas receitas regionais como tapioca (à base de mandioca) e tacacá (bebida de origem indígena


MÚSICAS

CAPELINHA DE MELÃO
autor: João de Barros e Adalberto Ribeiro

Capelinha de melão é de São João.

É de cravo, é de rosa, é de manjericão.

São João está dormindo,não me ouve não.

Acordai, acordai, acordai, João.

Atirei rosas pelo caminho.

A ventania veio e levou.

Tu me fizeste com seus espinhos uma coroa de flor.

BALÃOZINHO

Venha cá, meu balãozinho.

Diga aonde você vai.

Vou subindo, vou pra longe, vou pra casa dos meus pais.

Ah, ah, ah, mas que bobagem.

Nunca vi balão ter pai.

Fique quieto neste canto, e daí você não sai.

Toda mata pega fogo.

Passarinhos vão morrer.

Se cair em nossas matas, o que pode acontecer.

Já estou arrependido.

Quanto mal faz um balão.

Ficarei bem quietinho, amarrado num cordão.

SONHO DE PAPEL
autor: Carlos Braga e Alberto Ribeiro

O balão vai subindo, vem caindo a garoa.

O céu é tão lindo e a noite é tão boa.

São João, São João!

Acende a fogueira no meu coração.

Sonho de papel a girar na escuridão

soltei em seu louvor no sonho multicor.

Oh! Meu São João.

Meu balão azul foi subindo devagar

O vento que soprou meu sonho carregou.

Nem vai mais voltar.
PULA A FOGUEIRA
autor: João B. Filho

Pula a fogueira Iaiá,

pula a fogueira Ioiô.

Cuidado para não se queimar.

Olha que a fogueira já queimou o meu amor.

Nesta noite de festança todos caem na dança alegrando o coração.

Foguetes, cantos e troca na cidade e na roçaem louvor a São João.

Nesta noite de folguedo todos brincam sem medoa soltar seu pistolão.

Morena flor do sertão, quero saber se tu ésdona do meu coração.


Cai, cai, balão.Cai, cai, balão.
Aqui na minha mão.
CAI NÃO, CAI NÃO
CAI NA RUA DO SABÃO.


ORIGEM DA FESTA JUNINA
De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal).

Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas.
Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.

Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.

Festas Juninas no Nordeste Embora sejam comemoradas nos quatro cantos do Brasil, na região Nordeste as festas ganham uma grande expressão. O mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Como é uma região onde a seca é um problema grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer as chuvas raras na região, que servem para manter a agricultura.

Além de alegrar o povo da região, as festas representam um importante momento econômico, pois muitos turistas visitam cidades nordestinas para acompanhar os festejos. Hotéis, comércios e clubes aumentam os lucros e geram empregos nestas cidades.

Embora a maioria dos visitantes seja de brasileiros, é cada vez mais comum encontrarmos turistas europeus, asiáticos e norte-americanos que chegam ao Brasil para acompanhar de perto estas festas.

Comidas típicas Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.

Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais.

TRADIÇÕES
As tradições fazem parte das comemorações. O mês de junho é marcado pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões também compõem este cenário, embora cada vez mais raros em função das leis que proíbem esta prática, em função dos riscos de incêndio que representam.
No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas para serem degustadas pelos festeiros. Já na região Sudeste são tradicionais a realização de quermesses. Estas festas populares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas.
Possuem barraquinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha, geralmente ocorre durante toda a quermesse.
Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, são comuns as simpatias para mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”. Diz a tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.
CAI, CAI, BALÃO

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